segunda-feira, 25 de julho de 2011

O QUE TE MOVE ENQUANTO ARTISTA?

Não tinha a minha reposta, mas resolvi lançar a pergunta. Sei que a reposta está lá, em algum lugar, mas não a reconhecemos. Ainda.
Ao fim, pude dizer... “ A possibilidade de encontrar a morte, e não morrer.”
Algumas coisas que passaram: ser o outro, ser para o outro, ser eu mesma. Desafio, instabilidade. Dar arte à vida, dar vida à arte, uma coisa só. Transformação, do mundo, do meu olhar, do próximo olhar. Crítico, poético, pleno. Movimento.
O movimento move. Eu movo o movimento. O que te move?
Vanessa Macedo

sábado, 23 de julho de 2011

Recolhendo cartas

Mais um registro sobre a coleta de cartas realizada pela Cia no CCSP
 
" Oi, você pode escrever aqui a sua última carta, por favor? ''
Para minha surpresa muitos apanharam a folha em branco.
Despedidas dolorosas, desabafos sinceros, gritos sofridos, mensagens apaixonadas, felizes, engraçadas, indignadas, revelações íntimas, avisos que não chegarão.
Depois de tanto incomodar os outros, alguém me incomoda :
E você? Já escreveu a SUA última carta?
Meu silêncio respondeu "não!"
Provavelmente eu faria parte do time que me respondeu "não, obrigada".
O que eu poderia escrever?
 Acho que agradeceria família e amigos,ou registraria memórias boas e micos, ou me arrependeria, ou diria o que  aprendi, ou aproveitasse pra dizer umas verdades e chingar um pouco...
não sei...
minha folha está em branco.
 
Jéssica Moretto
 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

comentário... sobre a oficina

JÉSSICA ESCREVEU....

Nós e os Outros
Sala cheia
 oi.
Saber e não saber quem são vocês
Experimentações e improvisos
Os Outros e Nós
Tantas possibilidades
Que tal conhecer de Novo a rotina?
Nós.
Os Outros fazem o que Nós nunca faríamos,
 ou o que gostaríamos muito de ter feito.
Intervalo...
Nós + Outros
Outros + Nós
O tempo passou rápido para todos
Espero que voltem

SIVA ESCREVEU......

Sabe que durantes esses dias na experimentação diária com a Cia Fragmento eu pude vislumbrar dois acontecimentos. O primeiro, que me coloquei na situação de aprendiz e pude exercitar a humildade: uma vez que não sou ligado à dança como intérprete, me fez refletir sobre a postura do artista, enxergar novas possibilidades e acrescentar conhecimentos para minha vida numa área em que não me é confortável. O segundo, que a idéia de passar por uma semana verificando e acompanhando o dia a dia de uma Cia profissional é singularmente interessante. Ver como é o funcionamento de um grupo que admiramos pode ser um tiro no pé, sua posição como platéia pode ficar abalada, mas isso não aconteceu nesses dias. Confesso que tive bastantes dificuldades em realizar uma série de exercícios muito próprios para o pessoal da dança, mas me senti abraçado pelos integrantes da Cia que em cada repetição ficavam à frente, ao lado, ou atrás de mim e de muitos para ajudar. Bela postura. Posso assegurar que saio transformado e com perspectivas sobre arte. Desejo muita merda a todos os envolvidos e a todos da Cia Fragmento minha eterna gratidão e meu muito obrigado!

domingo, 17 de julho de 2011

Coleta de cartas

Registro de um diálogo no Centro Cultural São Paulo (junho de 2011), durante o evento Semanas da Dança. 
Encontro vivenciado ao coletar cartas para o processo criativo de Outros Ecos da Cia. Fragmento de Dança.

 

...Eu: Como você veio parar aqui no Centro Cultural São Paulo?

Tales: Em 2000 fui demitido, fiquei desempregado. Trabalhava como funcionário na UNINOVE, sai de lá com a promessa de que eles iriam me dar de tudo. Por que depois que eles descobriram que eu tinha o cérebro trocado nunca mais eu tive sossego, já me cortaram em tudo quanto é canto para poder fazer pesquisa. Então, eu fui parar no albergue, situação que eu nunca imaginei passar. Se tem uma coisa que eu ainda não aprendi a dividir é o momento do sono. Cresci na casa dos meus avós num quarto sozinho. Hoje em dia moro num viaduto da 23. Por isso sempre estou por aqui. Fiz curso de informática, ia no cinema quando era de graça, se você não tem dinheiro e vive em SP aqui é um bom lugar.

Eu: Mas como é essa história de cérebro trocado?
Tales: O normal é o hemisfério direito comandar o lado esquerdo do corpo e o hemisfério esquerdo comandar o lado direito do corpo. No meu caso, o hemisfério direito comanda os dois lados do corpo.

Eu: Ahn...E quem são eles?
Tales: No início era a polícia, polícia federal, depois fiquei sabendo que tinha até gente dos Estados Unidos envolvido. Não sei... Deve ser para a sociedade médica, né? Mas eles decidiram que era melhor eu conviver com outras pessoas, saber como eu reajo. Por isso vim parar na rua...


(Local: rampa do metrô Vergueiro, com acesso ao CCSP.Horário: luz do dia)

(Talles: olhar lúcido, tranquilo, trajes sujos, tempo lento, coração limpo. Eu: olhar curioso, ouvidos porosos, trajes limpos, em busca de um tempo que possibilita o encontro, coração inseguro)


Carolina Minozzi
(intérprete da Cia Fragmento)


 

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.
Clarice Lispector

quarta-feira, 13 de julho de 2011

COMO CULTIVAR ROSAS? BOA SORTE...

Gian escreveu....
Hey,

hoje durante o "exercício das rosas" me veio na cabeça um poema incrível que fala sobre elas fazendo um comparativo com a alma. Queria compartilhar... Talvez seja bacana colocar no blog, ou nao... Como cultivar rosas?

aí vai:

CANÇÃO OUTONAL
Sinto hoje no coração um vago tremor de estrelas,
 mas meu caminho se perde na alma da névoa.
A luz me quebra as asas e a dor da minha tristeza,
Vai molhando as lembranças na nascente da idéia.
Todas as rosas são brancas, tão brancas como minha pena,
E as rosas não são brancas porque nevou sobre elas
Antes tiveram cores.Sobre a alma também neva.
A neve da alma possui copos de beijos e cenas que se fundiram na sombra
Ou na luz de quem as pensa.
A neve das rosas cai, mas a da alma permanece,
e a garra dos anos faz um sudário com elas.
A neve se derreterá quando a morte nos levar?
Ou haverá depois outra neve e outras rosas mais perfeitas?
 Haverá paz entre nós, como o Cristo nos ensina?
Ou nunca será possível a solução do problema?
E se o amor nos engana?
Quem a vida nos alenta se o crepúsculo nos funde 
Na verdadeira ciência do Bem, que talvez não exista?
E do Mal que palpita tão perto?
 Se a esperança se apaga e a Babel começa,
Que tocha iluminará os caminhos da Terra?
Se o azul é um sonho, que será da inocência?
Que será do coração se o amor não tem flechas?
 Se a morte é a morte,
Que será dos poetas e das coisas adormecidas que já ninguém delas se lembra? Oh! Sol das esperanças!Água clara! Lua nova!
Coração dos meninos!
Almas ásperas das pedras!
Sinto hoje no coração um vago tremor de estrelas
E todas as rosas são tão brancas como minha pena.

Federico Garcia Lorca


Foto Vitor Vieira